Pipoca: um
estouro em antioxidantes e fibras
Estudo mostra que esse verdadeiro blockbuster das sessões de cinema concentra mais certos antioxidantes que frutas e verduras
Um punhado de milho, um fiozinho de óleo e uma panela no fogo...
Voilà! Bastam alguns minutos - e muitos "pops" - para a combinação
resultar em massas brancas, pequenas e bem macias: é a famosa pipoca.
Vira e mexe no centro de acaloradas discussões, ela costuma ser acusada de ser
um tanto quanto traiçoeira para a saúde.
A presença de gordura e o fato de nos incentivar a extrapolar nas pitadas de
sal estão entre as principais queixas. No que depender da ciência, entretanto,
a má fama está com os dias contados.
É que, se preparada corretamente isso significa não apelar
para a praticidade da versão de micro-ondas -, ela é uma explosão de
benefícios, informação reforçada por um estudo recente da Universidade de
Scranton, nos Estados Unidos. Segundo o time de cientistas, a pipoca reúne mais
certos antioxidantes que uma porção de frutas e verduras. O que faz com que ela
possa ser uma aliada ardilosa na guerra contra os radicais livres, aquelas
moléculas instáveis e perigosas que atacam as células e provocam desastres que
vão de envelhecimento precoce a câncer.
A pipoca sai na frente
"Isso se deve à diferença entre a quantidade de água
encontrada na pipoca, que é de 3 a 5%, e a detectada nos vegetais, que chega a
90%", informa Joe Vinson, líder do trabalho. Na prática, esses valores
revelam que, no subproduto do milho, os compostos fenólicos - benditos
antioxidantes! - ficariam concentrados, enquanto nas outras classes alimentares
eles apareceriam mais diluídos. "A pipoca é o único snack formado 100% pelo
grão. Já os antioxidantes encontrados em outros produtos à base de sementes
integrais, por exemplo, são removidos ou sofrem degradação durante o
processamento."
Só para você saber - e não morrer mais de raiva -, as
substâncias protetoras da saúde estão na casca, aquela capa que teima em ficar
agarrada nos dentes. E, se o milho que levar para casa der origem a uma pipoca
naturalmente amarela ou creme, bingo! Sinal de que a parte fofinha do alimento
é ainda fo
Parte por parte
Na casca da pipoca também estão doses generosas de fibras,
substâncias que contribuem para a formação do bolo fecal. "Para eliminá-lo
com maior facilidade, é necessário aumentar o consumo de água", lembra a
nutricionista Viviane Piatecka, do Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª
Região. O melhor é que o papel das fibras não fica restrito a dar um empurrão
ao funcionamento do intestino. Elas também são reverenciadas por tornar a
digestão mais lenta, prolongando, assim, a sensação de barriga forrada - uma
vantagem e tanto para quem quer derrubar o ponteiro da balança.
Já na parte fofa e geralmente branca dessa pequena notável fica
guardado outro aliado do organismo: o amido resistente. Ele passa praticamente
intacto pelo aparelho digestivo, só no intestino grosso é que micro-organismos
da flora o transformam em ácidos graxos de cadeia curta. "Ele deixa a área
mais ácida, favorecendo a proteção contra células cancerosas. Por isso, o
consumo de amido resistente tem sido associado à redução do risco de tumores no
órgão", detalha Maria Cristina, da Embrapa.
Pipocas perigosas
Mas não vá achando que o sinal está verde para se entupir com a
pipoca vendida no cinema ou a industrializada para micro-ondas. Essas são
justamente as que merecem estar no banco dos réus. O recomendado para se
beneficiar das qualidades do alimento é prepará-lo na boa e velha panela, com
só um pouquinho de óleo para não formar uma verdadeira bomba calórica. Se
desejar, a gordura pode até ficar de fora da receita. "É só colocar uma
porção de milho em um saquinho como aqueles para pão e vedá-lo na ponta. Depois,
deixe por alguns minutos no micro-ondas", instrui Eduardo Sawazaki,
pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Está aí um lanche para
ninguém botar defeito!
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