Como evitar os cânceres ou tumores malignos
Artigo do Dr. João Paulo Botelho Vieira Filho, Professor Adjunto e Preceptor do Centro de Diabetes da Escola Paulista de Medicina – UNIFESP, discute 13 causas ambientais de tumores malignos que podem ser evitadas, o tema do artigo surgiu em resposta ao trabalho do professor, apos pedidos de esclarecimento dos índios Xavante da Terra Indígena Sangradouro e Xikrin da Terra Indígena Cateté.
Os indivíduos com predisposição genética ou familiar aos canceres (30%) devem seguir um estilo de vida correto, evitando causas ambientais relacionadas ou facilitadoras para o aparecimento dos tumores malignos.
Os indivíduos sem predisposição genética ou familiar ou sem herança para os canceres (70%) devem evitar as causas ambientais relacionadas com o aparecimento dos tumores malignos, que passo a descrever.
1- Evitar os cigarros com mais de 2000 substâncias cancerígenas ou que ocasionam os canceres dos pulmões, esôfago, estômago, pâncreas, bexiga, rins, laringe, lábios e cavidade oral.
2 - 50% ou metade dos canceres desapareceriam se a humanidade deixasse de ingerir álcool e deixasse de fumar.
3- Evitar o aumento do peso, sobrepeso e obesidade, que aumenta o risco de câncer do intestino grosso (colón), mamas, pâncreas, útero, próstata, fígado.
O aumento do peso aparece pelo consumo de alimentos gordurosos dos civilizados e pelo sedentarismo ou não praticar exercícios físicos.
As populações com sobrepeso e obesas ou gordas, as diabéticas tem maior incidência de canceres que as populações não gordas.
Obesidade e álcool interagem e são multiplicadoras no aumento da incidência do câncer do fígado.
4- Evitar o sedentarismo ou ficar parado e sem atividade física de andar diariamente pelo menos 1 hora. Participar de rituais e danças. Praticar esportes como futebol e basquete.
A atividade física regular ou diariamente é protetora contra o câncer do intestino-colón, outros canceres, que aparecem nos que aumentam de peso ou ficam gordos devido à falta de exercícios e pelos alimentos da indústria com gordura saturada animal e hipercalórica.
A atividade física melhora a sensibilidade à insulina, reduz substâncias nocivas como radicais livres. Ela evita a obesidade e o diabetes, os canceres.
Os gordos ou obesos ou com sobrepeso produzem mais insulina antes de ficarem diabéticos e mais IGF1, que são hormônios promotores de tumores quando aumentados.
A atividade física diminui os hormônios insulina e IGF1. Ela melhora os movimentos intestinais eliminando substâncias oncogênicas ou propiciadoras de tumores.
A atividade física melhora a função imunológica ou de proteção contra tumores e infecções, protege o coração contra doenças cardiovasculares.
As pessoas que passam muito tempo sentadas tem um maior risco para tumores intestinais do colón.
5- Evitar os agrotóxicos ou venenos usados pelos civilizados contra insetos e larvas de suas plantações, que ocasionam canceres.
Cada brasileiro está consumindo mais de 5 litros de agrotóxicos ao ano.
Os agrotóxicos são possíveis causadores de canceres da bexiga, cavidade oral, faringe, laringe, cérebro, esôfago, estômago, mamas, pâncreas, leucemias e mielodisplasias segundo o Instituto Nacional do Câncer.
Os agrotóxicos são promotores ou desencadeadores de canceres pela alteração da nossa herança DNA, sendo disruptores hormonais. Os disruptores hormonais são causadores de canceres e estão relacionados com a diminuição da fertilidade dos homens (espermatogênese).
Os alimentos produzidos nas roças dos índios sem agrotóxicos ou venenos, são conhecidos como orgânicos, de grande valor nutricional, vendidos como mais caros nos supermercados. Este médico que lhes adverte sobre o perigo dos agrotóxicos compra alimentos orgânicos para sua casa.
Os índios devem comer sempre que possível dos alimentos das suas roças, que estão livres dos agrotóxicos, como milho, batatas, cará, feijão, mandioca, macaxeira, abóbora, amendoim, mamão, bananas, abacaxi, caju, goiabas, coco, frutas e raízes do cerrado e da floresta.
A mandioca ou macaxeira amarela quando assada ou cozida e o tomate, alimentos descobertos pelos índios são ricos em licopeno, anticancerígeno, como também frutas vermelhas como a pitanga.
Dr. João Paulo Botelho Vieira Filho da Escola Paulista de Medicina, UNIFESP, tem opinião que os inseticidas ou pesticidas usados em plantações de soja, não devem ser aplicados por aviões, pois essas pulverizações aéreas são conduzidas pelo vento para regiões vizinhas e distantes, contaminando o solo, a água e os lençóis freáticos.
Pesquisa apresentada em 2004 no Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas, apontou potencial de contaminação por agrotóxicos em águas profundas. Essa pesquisa foi realizada pela Universidade Federal de Mato Grosso e EMBRAPA em poços artesianos da cidade de Primavera do Leste, estado de Mato Grosso, onde há grande expansão da cultura de soja e algodão. Pesticidas foram encontrados em águas tubulares ou de poços artesianos com profundidade de 12 à 70 metros, mostrando a vulnerabilidade que concentrações maiores poderão atingir.
Projeto da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) com a Universidade Federal do Pará e Universidade da Geórgia (USA) e de Bonn (Alemanha), sinalizou contaminação dos rios e igarapés das agrobacias do município de Paragominas (PARÀ) onde há o cultivo de grãos usando pesticidas e fungicidas como dimetoato, deltametrina, difenoconazole e macozeb, subiu 40% em 2005 em 28 ponto0s do igarapé Açú. A pulverização aérea ocorria 1 vez por semana em 46% das plantações, 2 vezes por semana em 29% das plantações, quando o governo orienta 1 vêz por semana cada 15 dias.
As mulheres de Lucas do Rio Verde, grande produtor de soja do estado do Mato Grosso, apresentaram contaminação elevada pelos agrotóxicos.
Índios Guaraní e Caiuá sem terra ou território demarcado, vivendo em condições sub-humanas ao lado de rodovias que cruzam plantações de soja, são vítimas dos agrotóxicos e metais de combustão de veículos.
Seria interessante que a Secretaria Especial de Assistência à Saúde dos Índios e Universidades Federais de Barra do Garças e Mato Grosso, registrassem a incidência e prevalência dos cânceres entre os Xavante, Guarani, Caiuá e demais grupos indígenas próximos das pulverizações aéreas das plantações de soja, algodão e milho, a fim de avaliarem a gravidade da ocorrência de cânceres e mal formações. Cânceres, sarcomas e linfoma tem ocorrido entre os índios Xavante. Medidas de proteção à saúde dos índios devem ser propostas.
Cânceres sólidos e do sistema hematológico, mal formações do tubo neural, anencefalia e espinha bífida, estão associados ao uso de pesticidas e derivados do petróleo.
A produção de grãos como soja, algodão, milho e outros não deve comprometer a sustentabilidade do solo e d’água, a saúde das populações vizinhas índias e nacionais.
6- Evitar alimentos aquecidos e colocados dentro de recipientes plásticos como copos, pratos, vasilhas, garrafas, que produzem substâncias cancerígenas conhecidas como disruptores hormonais. O bifenol dos plásticos é cancerígeno.
Nunca colocar alimentos quentes ou fervidos em recipientes plásticos, que produzem disruptores hormonais relacionados aos canceres e diminuição da espermatogênese dos homens (fertilidade).
Usar copos, pratos, vasilhas de cerâmica ou vidros ou panelas e nunca plásticos.
7- Evitar a repetição diária em maior quantidade de carne vermelha dos bois e porcos dos civilizados, evitar a quantidade de carne vermelha fornecida nas churrascarias, que se relaciona com o aparecimento de canceres.
Os alimentos gordurosos como carne vermelha dos civilizados (bifes gordurosos, cupim, picanha, bisteca, maminha), como também as carnes processadas (linguiças, mortadelas, salames, salsichas, presuntos) que são produzidos com nitritos cancerígenos, consumidas diariamente ou em quantidade favorecem o aparecimento de tumores.
A dieta gordurosa frequente de carnes vermelhas dos bois e porcos dos civilizados, rica em gordura saturada, relaciona-se com canceres da próstata nos homens, do intestino grosso (colón) nos homens e mulheres, das mamas, do pâncreas, que acompanha os gordos ou aqueles com sobrepeso ou obesidade.
A melhor alimentação para a saúde está no consumo de carne dos peixes, aves como frangos e outras, tartarugas e jabutis tão apreciados pelos índios, carne de caça.
Evitar as frituras que envelhecem o corpo e são prejudiciais ao coração pelas gorduras trans.
8- Evitar refrigerantes como: Coca-Cola, Pepsi-cola e os coloridos, que possuem corante químico caramelo, cancerígeno pela substância 4-metilimidazol, facilitador do aparecimento de tumores. O governo dos Estados Unidos está pressionando as indústrias de refrigerantes a diminuírem esse corante ou aditivo promotor de canceres.
Evitar balas coloridas para as crianças, pois possuem corante cancerígeno. Ao invés de balinhas para crianças dar frutas, que são contra envelhecimento, contra radicais livres e tumores.
9- Evitar relações sexuais sem preservativos (camisinhas) quando os homens estiverem fora das aldeias em viagens às cidades, para não se contaminarem com o vírus imunodeficiência HIV ou AIDS, que propicia o aparecimento de linfomas e sarcomas.
A camisinha evita a contaminação com os vírus das hepatites B e C, que levam ao câncer do fígado.
10- Promover a vacinação das meninas a partir dos 9 anos de idade contra o Papilomavírus (HPV), para evitar o câncer do colo do útero ocasionado por esse vírus.
Promover o exame Papanicolau cada 6 meses para as mulheres índias com grande risco para o câncer do colo do útero, que não é realizado entre as Xavante. Vacinar os meninos contra o vírus HPV à partir dos 9 anos de idade, para evitar o câncer do pênis, ocasionado por esse patógeno.
11- Evitar queimar plásticos que produzem substâncias dioxinas cancerígenas.
Enterrar os plásticos.
12- Evitar os telhados brancos de amianto cancerígeno, proibidos em muitos países.
Usar telhas, de barro nas coberturas das casas.
Evitar caixas d’água brancas de amianto cancerígeno.
13- Devem consumir alimentos ricos em vitamina D como peixes, leite, fígado de jabutis tão apreciado pelos índios.
As carnes dos peixes são protetoras contra canceres, evitam o câncer fatal da próstata, são protetoras do coração e do sistema imunológico contra infecções.
A vitamina D e o Omega 3 das carnes dos peixes são protetoras contra câncer. O risco do câncer fatal da próstata diminui com o consumo de carnes de peixes ricas em Omega 3.
O leite é outra fonte de vitamina D protetora contra o câncer. Os adultos que possam adquirir leite devem dar preferência ao desnatado enriquecido com vitamina D. O leite integral é indicado para as crianças desmamadas.
Os índios e índias idosas derem receber vitamina e cálcio diariamente.
João Paulo Botelho Vieira Filho
Professor Adjunto. Preceptor do Centro de Diabetes
da Escola Paulista de Medicina – UNIFESP