Ergoespirometria: procedimento de auxílio no tratamento
da obesidade
O fenômeno “engordar” é uma característica dos seres
vertebrados que através do aparelho circulatório capta os nutrientes
energéticos (aminoácidos, lipídeos e glicose) do aparelho digestório e armazena
nos adipócitos como moléculas osmoticamente neutras (triglicérides e ácidos
graxos). Contudo, este mecanismo de adaptação das espécies, que armazena
energia para os dias de privação deste a pré-história, começa a entrar em
desequilíbrio quando o homem nômade instala-se em campos férteis e inicia a era
da agricultura. Desta forma, não é mais necessário caminhar distâncias enormes
na busca de alimentos, este nômade torna-se agricultor, terá e consumirá mais
alimento do que o necessário para sua sobrevivência. Regra básica, ganhar mais
e gastar menos somado a todas as alterações adaptativas do homem pelo ambiente
inóspito anterior, teremos a obesidade por excesso de alimentos e falta de
atividade física.
A descoberta de várias as alterações
nutroneurometabólicas envolvida na etiologia da obesidade, preconiza inúmeras
terapêuticas medicamentosas ou comportamentais. Dentre as terapêuticas
comportamentais a Atividade Física aliada à Dietoterapia Nutrológica torna-se
imprescindível. Contudo, como prescrever esta atividade física?
Se a lipólise dos triglicérides intra-adipocitários
ocorre após aproximadamente 30 minutos de atividade física aeróbia, já a
via da oxidação dos ácidos graxos intramuscular inicia gradualmente poucos
minutos após o início da atividade física. Esta oxidação dos ácidos graxos
dentro das mitocôndrias musculares será proporcionalmente maior do que o
glicogênio muscular quanto menos intenso for a contração muscular. Então como
mensurar a intensidade da atividade física? Embora exercícios leves
utilizam como substrato mais ácidos graxos do que glicogênio ou glicose, a
quantidade total de calorias dispendida por minuto será menor do que em
exercícios intensos; ou seja caminhar é mais aeróbio do que correr, contudo em
1 hora de corrida dispende quase o dobro de calorias que 1 hora de caminhada.
Como calorias é uma unidade de trabalho ( 1 cal = 4,186
joules = Trabalho = Força x Deslocamento), a mesma distância “percorrida”
caminhando ou correndo gastará a mesma quantidade de calorias; porém na
caminhada a contribuição energética do substrato lipídeo é maior do que na
corrida; já na corrida a contribuição do substrato glicogênio será maior do que
na caminhada.
Desta forma, a Ergoespirometria com a medida do VO2
máximo e respectivos Limiares Ventilatórios (LV1 e LV2) são essenciais para a
prescrição da intensidade do exercício individualizado ao respectivo grau de
condicionamento físico do paciente, que pratica a atividade física para
otimizar a oxidação de ácidos graxos.
Na figura abaixo, a intensidade do exercício e a
contribuição energética preponderante para a respectiva intensidade determinada
pela Ergospirometria.
Por: Dr. Milton Mizumoto – Médico Nutrólogo (ABRAN/ Corpore).
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